Todo mundo já acordou com aquela sensação estranha: “Hoje não sonhei nada.” Mas será que isso é verdade? Nosso cérebro realmente deixa de sonhar em alguns momentos ou será que só não lembramos? Esse é um dos grandes enigmas da neurociência do sono, e a resposta envolve muito mais do que uma noite tranquila na cama.
O que acontece no sono profundo
O sono humano se divide em ciclos, que se alternam entre fases leves, profundas e a famosa fase REM (Rapid Eye Movement), onde os sonhos são mais intensos.
No sono profundo, o corpo mergulha em um estado de restauração física intensa:
- A pressão arterial cai,
- Os músculos relaxam,
- O cérebro realiza uma “faxina” eliminando toxinas,
- O sistema imunológico se fortalece.
É nessa fase que o descanso é mais profundo e reparador, mas também é justamente aí que os sonhos ficam mais raros ou quase inexistentes.
Nem sempre sonhamos… ou nem sempre lembramos?
Estudos mostram que praticamente todas as pessoas têm alguma atividade onírica durante a noite, mas os sonhos podem ser muito curtos, difusos ou até silenciosos para a nossa memória.
Ou seja: não é que você não sonhou, é que o cérebro não arquivou aquele sonho. Isso acontece porque a lembrança dos sonhos depende de uma delicada engrenagem entre memória e consciência, e no sono profundo o cérebro está mais ocupado com tarefas de sobrevivência do que com a “edição” de histórias oníricas.
Por que o cérebro “desliga” os sonhos no sono profundo?
Durante o sono profundo, a atividade cerebral é bem diferente da fase REM. As ondas cerebrais ficam lentas e sincronizadas, como se o cérebro estivesse em um “modo economia de energia”.
Nesse estado, não há o mesmo caos criativo que gera os sonhos vívidos. O foco aqui é restaurar o corpo e a mente.
É como se o cérebro dissesse:
“Agora não é hora de inventar narrativas malucas, é hora de consertar o sistema.”
A importância do “não sonhar”
Por mais que os sonhos sejam fascinantes, o sono profundo sem sonhos tem uma função vital:
- Consolidação da memória – arquivando o que foi aprendido durante o dia.
- Reparação celular – o corpo libera hormônios de crescimento e regeneração.
- Fortalecimento da imunidade – a defesa natural contra doenças é reforçada.
Sem esse momento, viveríamos cansados, desatentos e emocionalmente instáveis.
Então, sonhar ou não sonhar? Eis a questão
Na prática, todo mundo sonha, só que nem sempre lembramos. O mistério está mais na memória do que no sonho em si. O sono profundo é o guardião da nossa saúde, e mesmo quando não cria narrativas para a consciência, está trabalhando nos bastidores para garantir que acordemos inteiros no dia seguinte.
O fato de nem sempre sonharmos não é uma falha, mas uma estratégia de sobrevivência. Sonhar é maravilhoso e poético, mas o “silêncio” do sono profundo é ainda mais essencial: é nele que o corpo se reconstrói e o cérebro se organiza.
Então, se você acordar pensando que “não sonhou nada”, agradeça, seu cérebro provavelmente estava cuidando de você da forma mais eficiente possível.

