Localizados em pontos estratégicos do Plano Piloto, o Conic e o Conjunto Nacional são
mais do que meros edifícios; são marcos que contam a história da vida urbana, social
e cultural de Brasília. Embora vizinhos, eles representam facetas distintas da capital
federal.
Conjunto Nacional: O Pioneiro do Comércio Moderno
O Conjunto Nacional foi um empreendimento pioneiro. Inaugurado em 1971, ele se
tornou o primeiro shopping center de Brasília e o segundo do Brasil. Sua concepção
arquitetônica, assinada por Milton Ramos, foi uma adaptação do conceito de centro
comercial ao urbanismo modernista de Lúcio Costa. O edifício se destaca por sua
estrutura em pilotis, que o eleva do chão, e pelo terraço-jardim, elementos típicos da
arquitetura moderna.
O shopping foi concebido para ser um centro de convivência e comércio, um ponto de
encontro que rapidamente se tornou um ícone da cidade. Ao longo das décadas, o
Conjunto Nacional se adaptou às tendências e inovações, mas manteve sua relevância
como um dos principais polos comerciais e sociais da capital, sendo parte integrante
da paisagem e da memória afetiva dos brasilienses.
Conic: O Coração Boêmio e Underground
O Conic (originalmente o nome da construtora que ergueu os primeiros edifícios do
local) está situado no Setor de Diversões Sul (SDS). Sua história é marcada por uma
transformação de um centro comercial planejado para ser sofisticado em um vibrante
polo de cultura alternativa e boemia.
Nos anos 70, o Conic ganhou notoriedade ao abrigar a New Aquarius, a primeira
boate gay do Distrito Federal, consolidando-se como um espaço de liberdade,
vanguarda e resistência cultural. O local se tornou um labirinto de lojas, teatros, sebos
e espaços culturais, refletindo a diversidade e o espírito underground da juventude
brasiliense.
A arquitetura do Conic, embora também moderna, é mais complexa e labiríntica, com
o uso combinado de pilotis, brises e cobogós, elementos que criam um jogo de luz e
sombra e favorecem a ventilação cruzada. Juntos, o Conjunto Nacional e o Conic
formam um contraste fascinante, ilustrando a dualidade de Brasília: a cidade
planejada e a cidade vivida, o formal e o alternativo