O Eixo Rodoviário de Brasília, popularmente conhecido como Eixão, é a principal via
que corta o Plano Piloto de ponta a ponta, dividindo as Asas Sul e Norte. Aos
domingos e feriados, essa via expressa se transforma no Eixão do Lazer, uma tradição
que se consolidou como um dos maiores e mais bem-sucedidos exemplos de
ocupação de espaço público no Brasil.
A Origem da Tradição
A iniciativa de fechar o Eixão para veículos motorizados e abri-lo para a população
surgiu no início dos anos 90. A primeira interdição oficial ocorreu em 1990, e a ideia foi
rapidamente abraçada pelos brasilienses. A cidade, projetada por Lúcio Costa com
foco na circulação de automóveis, carecia de grandes espaços de convivência e lazer
acessíveis a todos. O Eixão, com seus mais de 13 quilômetros de asfalto, ofereceu essa
oportunidade.
Em 1997, a Lei Distrital nº 1.607 formalizou o fechamento, estabelecendo as regras
para o uso do espaço e garantindo que a tradição se mantivesse. A via se transforma
em um imenso parque linear, onde famílias, atletas, ciclistas, skatistas e grupos
culturais se reúnem.
Um Símbolo de Humanização Urbana
O Eixão do Lazer é mais do que um local para a prática de atividades físicas; é um
símbolo da humanização urbana em uma cidade modernista. Ele representa a
capacidade da população de se apropriar do espaço público e reverter a lógica do
planejamento que priorizava o carro.
A tradição reforça o sentido de comunidade e o uso democrático da arquitetura de
Brasília. Aos domingos, o Eixão se torna um palco para a diversidade cultural da
capital, com feiras, apresentações artísticas e manifestações populares, provando que
a rigidez do Plano Piloto pode ser flexibilizada pela vontade popular em prol da
qualidade de vida.

