O café da manhã é, para muitos, a refeição mais importante do dia, um ritual que marca o início da jornada. No entanto, a ideia de uma refeição matinal padronizada e essencial nem sempre existiu. A história do café da manhã é uma fascinante jornada cultural e social, que revela como a necessidade de repor energias após o jejum noturno se transformou em um hábito global.
O Jejum Quebrado: A Etimologia
O termo em inglês, “breakfast” (quebrar o jejum), é o mais literal e resume a função original da refeição: interromper o longo período de jejum do sono. Durante séculos, para muitas culturas, a ideia de uma refeição matinal regular era inexistente ou reservada a grupos específicos.
A Antiguidade e a Idade Média
Na Antiguidade, o padrão alimentar era mais flexível. Romanos e gregos, por exemplo, muitas vezes consumiam apenas uma ou duas refeições por dia. O que se comia pela manhã era simples e prático, como pão e vinho, e não era considerado uma refeição formal.
Na Idade Média, o café da manhã era visto com desconfiança pela Igreja Católica, que o associava à gula, pois quebrava o jejum e era considerado um prazer desnecessário. A refeição matinal era, em grande parte, reservada a crianças, idosos, doentes e trabalhadores braçais que precisavam de energia para o trabalho pesado.
A Revolução Industrial e a Formalização
A formalização do café da manhã como uma refeição essencial e socialmente aceita ocorreu principalmente com a Revolução Industrial no século XIX. Com o aumento das jornadas de trabalho e a necessidade de energia para longos períodos de atividade, a refeição matinal se tornou uma necessidade prática.
•Necessidade Energética: Os trabalhadores precisavam de uma refeição substancial para sustentar o esforço físico e mental exigido pelas fábricas.
•O Surgimento do “English Breakfast”: O famoso café da manhã inglês, com ovos, bacon, salsicha e torradas, surgiu como uma forma de demonstrar status e hospitalidade, mas também como uma refeição rica em calorias para enfrentar o dia.
O Café e a Globalização
A popularização do café como bebida matinal também foi um fator crucial. Originário da Etiópia, o café se espalhou pelo mundo e se tornou o companheiro ideal para a refeição matinal, dando nome à refeição em português e em outras línguas latinas.
O Café da Manhã Moderno
Hoje, o café da manhã varia amplamente ao redor do mundo, refletindo a diversidade cultural:
| País/Região | Componentes Típicos |
| Brasil | Café com leite, pão francês, manteiga, queijo, frutas. |
| Inglaterra | Ovos, bacon, salsicha, feijão, tomate, cogumelos. |
| Japão | Arroz, sopa de missô, peixe grelhado, vegetais em conserva. |
| França | Croissant, pão, manteiga, geleia, café ou chocolate quente. |
A história do café da manhã é um lembrete de que até os hábitos mais cotidianos são moldados por fatores sociais, econômicos e culturais. De uma refeição evitada a um ritual essencial, o café da manhã continua a ser o “quebra-jejum” que nos prepara para o dia.

